Hoje vi um vídeo – de fofurice extrema, aliás – no qual uma
menina de uns dois anos comia o batom novo da mãe e ainda dava uma parte para o
cachorro comer. Maravilhoso, né?
Papo vai, papo vem, a mãe diz à menina:
- Agora você terá que ficar de castigo.
E sem pensar meio segundo, Manuela comenta:
- Igual a mim! Também fico de castigo toda hora.
...
...
...
Oi?
Sabe quando o mundo para? Pois é. Por um instante, não vi
mais nada na minha frente e na minha cabeça começou a passar um filme sobre a
educação que dou à ela e, principalmente, minha forma de repreende-la.
De cara, tentei lembrar quando foi a última vez que a deixei
de castigo. Pensei, pensei, pensei... e juro que não consegui lembrar. Três
semanas, um mês, dois meses???
Manuela é uma criança calma, na medida do possível. E quando
digo isso, as pessoas costumam visualizar uma menina que passa o dia sentada a
contemplar a vida. Desenhando, vendo televisão, brincando quietinha num cantinho
da casa...
Não! Definitivamente não é isso.
Manuela é uma menina tranquila, bastante obediente para quem
está – teoricamente – vivenciando os terrible two e muito delicada. Mas não é
criança de novela. Sobe nas coisas, faz arte, pinta o corpo todo, adora correr
e pular, etc etc etc
Uma menina como outra qualquer, que, apesar de fácil de
lidar, tem suas crises de independência e malcriação.
Na maioria das vezes, consigo contornar com ações positivas.
Outras tantas vezes, é à base da boa e velha bronca mesmo. E em raríssimas
exceções, baixou aqui a supernanny e a conduzi ao cantinho do pensamento.
Não estou contando isso para me explicar, justificar e muito
menos para me condenar. Mas confesso que me assustei com seu comentário!
Como assim “também fico de castigo toda hora”? Em que
planeta isso acontece?
E mais: toda essa meia dúzia de três ou quatro vezes em que
isso aconteceu teve que efeito sobre ela? Aquele que eu desejava? Melhor? Pior?
Como marcou a cabecinha dela? Como repreensão? Disciplina?
Ou medo mesmo?
Ou nada também? Sem dimensão de tempo e espaço, falou por
falar?
Honestamente? Não faço a menor ideia. Mas, pelo menos, tudo
isso me fez parar pra repensar minhas atitudes e reavaliar como ando conduzindo
sua educação.
Tarefa difícil essa de educar, viu?